terça-feira, 15 de junho de 2010

Julie, com amor.

Julie, Julie era seu nome.

Julie menina-mulher sentada sob seu sofá de veludo,
com uma xícara de capuccino esquentando com suavidade as palmas
de suas mãos: pensava.


"...Escolhas, a vida é feita de escolhas, mas para quê?
Eu posso seguir o fluxo da minha vida assim como o vapor deste
meu café: não faz mais do que seu ofício - então aspiro este
que é um dos melhores odores, para o fim desta tarde calma, profundamente: ahh -
sei que eu posso fazer o que bem entender, mas como ignorar outros contextos?
Que as vezes fazem parte de um elo vital onde tudo o que acontece em nossas
vidas acontece como que num ciclo. Você conhece alguém que conhece alguém
que já falou com alguém que falou que lhe conhece que por fim já fez parte da vida
de outrem... E é exatamante aqui, onde inevitavelmente, me aparecem as escolhas.
Grito então à minha própria alma: "Quero seguir apenas o fluxo da minha vida,
fazendo exatamente aquilo que bem entender e se uma coisa acaba ela recomeça em
outro lugar em uma outra história que já não tem mais nada a ver com o seu ciclo
e com o teu elo!"
Mas a minha escolha - tomo um gole do meu capuccino - minha escolha é sempre pensando
em segundos elementos. E os meus interesses reais, onde os deixo então?
Ouvi dizer por ai que "ninguém é de ninguém" e concordo plenamente com isso, é por
isso que muitas das vezes tenho vontade de não fazer escolhas e seguir apenas o meu fluxo.
Isso é ser egoísta? Penso... Ou devo pensar nos outros e não apenas em mim mesma?..."

Julie não tinha idade não tinha beleza e nem tinha feiura;
simplesmente tinha coração e sentimentalismo exagerado. Muitas das vezes deixou de fazer o que seu coração pedia, deixando-o assim doloridamente escondido, para felicidades alheias. Porém ela tinha o seu lado egoista, também, porque ela era capaz de amar duas pessoas num mesmo tempo totalmente diferentes, e ela ama!
De repente ela se levanta do sofá de veludo negro, caminha até a cozinha e no meio do percurso ela pensa:

"...Não sei porque diabos fico neste vai e vem de querer intenso, não posso lutar
contra meus desejos ou posso? Estou cansada de seres humanos, estes seres extremamente
racionais e calculistas, estou cansada de mim!"

Julie, então, linda e feia, deixa sua xícara sob a pia e vai em direção às escadas
que a levam ao seu quarto branco: sempre que entrava nele era como que se entrasse num mundo paralelo de outra dimensão de uma outra vida.

"...hunf, ser pensante é estranho, porque eu posso fazer acreditar que o que digo é
verdade, deixei de querer, que deixei de amar porque você também ama. Quando na verdade
o que eu tenho em vida é o amor que eu quero que eu amo egoistamente bem aqui..."


De repente, ao chegar diante da enorme porta cujo o futuro de alguns instantes, ao girar a maçaneta, sentiria-se bem, bem eternamente:

"..aqui por detras desta porta está o que eu mais quero, o que eu mais desejo e a escolha que está no meu coração e no meu cérebro e se paro para pensar em segundos elementos: desta
vez não paro."

E ao abrir a porta do seu precioso quarto, uma luz branca e exuberante veio diretamente aos seus olhos quase cegando-a; a medida que ela adentrava, via:
ao lado esquerdo havia uma janela linda e enorme de vidro onde via-se a beleza das flores lá de fora e de pé havia também um homem elegantemente parado, sorvendo seu capuccino quente, apreciando a beleza das flores. Então ela olha para o lado direito e lá estava: deitada sob uma cama grande e espaçosa no meio dos lençóis brancos um sorriso de mulher sexy e convidativa, espreguiçando-se ao dizer-lhe: "Bom dia meu amor." Ela pensou:

"De todas as escolhas que já fiz: a mais egoísta me foi indiscutivelmente a mais reconpensadora escolha que já fiz em minha vida."