segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Untitled ( 2009 )

Toda vez que venho até aqui tenho vontade de escrever o mais depressa possível, pois o tempo corre, o vento passa o poeta grita e tudo se torna um manicômio porque sem andar não se pode chegar a lugar algum e quando se tem sede de vida corre-se para onde tiver uma direção a seguir.
Não quero falar do tempo que este já se manja até em botecos,
Não quero falar sobre a vida que é uma coisa que me rodeia todos os dias o dia todo.
Quero falar sobre um mundo que não existe na terra e sim aqui dentro, em meus mais profundos e obscuros pensamentos. Uma terra de ninguém, que até eu mesma tenho medo de habitá-la. Macabra, cabulosa, nebulosa, estranha. Uma terra friamente escura e enevoada. Onde há sempre um homem bem trajado andando pelas vielas seguidas de escuridão e arvores esqueléticas. Um mundo amedrontadoramente estranho. Esse homem anda, anda e anda calma e vagarosamente.. sempre que possível passando por perto de mim e me olhando de soslaio com intrigantes. Morro de medo do olhar desse misterioso homem das vielas da minha consciência. Não sei se ele faz parte de mim ou se me foi alguma alma passada, só sei que ele se parece muito com alguma coisa que ainda desconheço em mim. Ele é lindo mas, aparentemente, carrega por detrás da beleza que se enxerga pelo olhar uma vontade de pecado de gelar os ossos.
NÃO.
Não me cobice homem misterioso!
Eu que tanto me arrependo de tudo que fiz;
Eu que busco o pecado e tenho medo de enfrentá-lo;
Eu que preso tanto pelo meu autocontrole!
Não;
Será que não há alguém aqui que me diga para ter coragem?
Isso, eu digo isso, coragem para enfrentar um pecado mesmo sabendo que é um pecado pois não tenho medo do pecado em sí, o que me amedronta é o resultado, ou melhor, o que me preocupa... pois o que me amedronta mesmo.. é querer sorver cada ínfima gotícula desse pecado.
NÃO.
Não me cobice homem sedutor, pois tenho medo de aceitar e amar meu próprio pecado e não pensarei em conseqüências, a única conseqüência será a de acabar esmagando meus princípios porque já o amor enlouquece imagine então o amor ao próprio pecado: tira-nos o raciocínio e a lucidez. Enlouquecerei se eu cair em tuas armadilhas e viverei o teu pecado, farei do teu pecado o meu pecado e seremos eu o nosso pecado!
Ahh, loucura, sim! O nome deste misterioso homem é Loucura e ele anda entres as ruelas da minha consciência, me ronda como que a espreita e a espera de uma brecha para poder penetrar minha alma sadia. O que de Loucura faço loucura é? Não sou louca pois ele mesmo se denomina tal. Mas ele é minha consciência e se for então sou ele é mim! Mas por que então continuo falando deste misterioso homem cujo nome já sabemos se o que quero mesmo é falar sobre este meu mundo miraculoso que assombra meus dias?

De repente, porque eu nem se quer conheço ainda muito bem este mundo, pretendo desvendá-lo. Quem sabe contando um pouco dele aqui e outro pouco acolá eu não saiba ainda um pouco mais do que cada vez menos desconheço?

E não pense que nesse mundo só existe o Loucura. Não mesmo. Pois numa dessas minhas andanças por aqui, no meio de uma dessas minhas buscas constantes pelas respostas de umas perguntas que nunca formulei, me deparei com uma mulher que por sinal me fez – que sou mulher- tremer na minha própria sanidade.

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